sábado, 26 de dezembro de 2015

Gerente comercial arrecada quase 3 mil brinquedos em SP e doa no sertão do PI

Pelo menos uma vez ao ano milhares de crianças da pequena cidade de Dom Inocêncio, a 615 Km de Teresina, têm um motivo especial para sorrir. A maioria delas, acostumada a ver o Papai Noel apenas pela televisão, encontra a oportunidade de abraçar o bom velhinho no período natalino graças a iniciativa de um gerente comercial natural do município, mas que mora em São Paulo desde 1988.
Há exatamente oito anos, Leivan Dias de Sousa, 40 anos, resolveu comprar e arrecadar presentes com amigos e parceiros em São Paulo para distribuir na cidade onde cresceu. Antes de arrumar as malas para vir ao Piauí, o piauiense conseguiu a doação de quase 3 mil brinquedos, entre bolas, carrinhos e bonecas.
Piauiense durante distribuição de brinquedos na zona rural
(Foto: Arquivo Pessoal/Leivan Dias)
Apaixonado pela terra natal, Leivan visita Dom Inocêncio todos os anos para rever os avós, primos e amigos de infância e também costuma realizar eventos esportivos como forma de confraternização com os conterrâneos. A ideia de virar Papai Noel partiu da esposa.

"Essa ação social eu iniciei com a realização dos torneios de futebol. Já a entrega dos presentes está com oito anos que faço na zona urbana e nos povoados da zona rural, após minha esposa sugerir que eu também adotasse essa iniciativa. No primeiro ano eu distribuí 400 brinquedos e agora em 2015 trouxe 2.800 presentes", falou.
Presentes foram distribuídos na cidade de Dom Inocêncio
(Foto: Arquivo Pessoal/Leivan Dias)
Presentes foram distribuídos na cidade de Dom Inocêncio
(Foto: Arquivo Pessoal/Leivan Dias)
Leivan conta que começa a ir em busca dos brinquedos ainda no mês de julho e vai guardando para transportá-los para o Piauí no mês de dezembro. O transporte geralmente é feito com a colaboração de amigos do gerente comercial que têm caminhão e viajam para o Nordeste. Quando não é possível, ele paga o envio por meio de transportadora.

"Só peço a Deus que me dê saúde para que eu não deixe de fazer essa ação a cada ano. Eu abro mão de luxo e de praia para fazer isso em Dom Inocêncio. Poderia pensar apenas em mim, mas não penso assim. É uma sensação de dever cumprido ao ver a felicidades dessas crianças, que na maioria são carentes", contou.

Leivan Dias de Sousa falou sobre infância pobre
(Foto: Arquivo Pessoal/Leivan Dias)
Infância sem brinquedos
O gerente comercial foi morar em São Paulo um ano após a morte do pai, ocorrida em 1987, e relembra que quando era criança no sertão piauiense não tinha brinquedos como os de atualmente. As dificuldades enfrentadas quando ainda morava no Piauí estimulam o gerente a realizar o sonho de Natal das crianças da sua terra.
"Quando eu era criança eu não tinha isso para brincar. Nós brincávamos naquela época era com chifre de boi, com cavalo de pau e outras coisas aqui do interior mesmo. Quando estou distribuindo os presentes eu lembro do meu passado e isso me deixa ainda mais com a sensação de dever cumprido", relata Leivan.

A distribuição dos presentes começa pelas comunidades da zona rural e encerra sempre no dia 24 de dezembro na zona urbana. Ao longo dos oito anos se transformando em Papai Noel e fazendo a alegria da criançada sertaneja, Leivan relembra histórias que o comoveram e que até hoje ele não consegue tirar da memória.

"Lembro de uma criança com síndrome de Down, um menino, que eu dei um presente e ele ficou muito feliz. Eu me apeguei muito e no ano seguinte fui até a casa dele novamente para revê-lo e presenteá-lo outra vez. Aquilo para mim foi marcante e até hoje não esqueço. Isso que faço ainda considero que não é nada", falou.

Ideia da esposa ((Foto: Arquivo Pessoal/Leivan Dias)
Apoio da família
Durante a distribuição, Leivan também conta com apoio de amigos e familiares, que dão o veículo para ele se deslocar até as comunidades do interior. Na cidade, o carro com o Papai Noel percorre as ruas e o anúncio no som informa a passagem do Bom Velhinho provocando agitação e euforia em toda a criançada.

"Eu me visto e saio distribuindo. É uma coisa muita bacana porque tem lugares que eles nunca imaginaram ver o Papai Noel. Tem uns povoados mais carentes que até alguns adultos chegam a pedir presentes e eu jamais posso negar. Enquanto eu tiver vida e saúde vou tentar aumentar cada vez mais essa ação", afirmou.

Leivan finaliza dizendo que sempre mostra fotos e vídeos da distribuição dos presentes para os amigos e colaboradores de São Paulo, como forma de dar uma satisfação a cada um que contribui com a iniciativa. "Mostro para todos que participaram. Antes eu revelava as fotos e agora mando os vídeos para os amigos que ajudam", finalizou.


Fonte: G1

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