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No Brasil 1,2 milhão de adolescentes abortam por ano.
Abortos ilegais matam de 100 a 200 mil mulheres por ano no mundo. A Associação
Brasileira de Adolescência (Dr. Jacques Crispin), encontrou o seguinte: entre
1982 e 1986 houve um aumento do número de adolescentes grávidas em 6,21%, e 78%
abortaram. De 1987 até 1991 estes números pularam para 10,50% e 89%
respectivamente. Por ano no Brasil um milhão de meninas entre 15 e 20 anos de
idade dão à luz e nascem cerca de 8300 bebês de mães menores de 15 anos.
O Ambulatório de Adolescentes grávidas da Universidade de Campinas – UNICAMP,
achou que de 1980 para cá cresceu em 20% o número de gestantes com menos de 15
anos e 40% das que deram à luz engravidam novamente. Nos Estados Unidos de cada
100 bebês que nascem, 16 são filhos de adolescentes. Em 1980 havia um índice de
13,3% de mães em idade precoce em São Paulo. Este índice subiu para 17,3% em
1992.
Ao ver uma garota carregando um bebê, me pergunto: será mais
uma mãe adolescente solteira? Até que ponto este bebê mudou a vida dela? Deixa
com o cuidado do bebê com os pais? Parou de estudar? Criou atrito difícil,
ferida difícil de cicatrizar entre os membros das famílias envolvidas?
A prevenção da gravidez na adolescente solteira é o melhor
caminho a se investir. Depois do fato consumado vêm dores, dificuldades,
lesões psicológicas, despesas, perturbação da vida estudantil, frustrações num
momento em que estava se preparando para enfrentar a vida adulta, quando havia
maturidade só biológica para engravidar, sem base emocional para cuidar de uma
criança.
Tal prevenção envolve basicamente educação familiar. Depende
dos valores morais dos pais, do amor deles pelos filhos e por causa desse amor,
ensiná-los a seguirem por um caminho sem sexualidade precoce, aprendendo a lidar
com os impulsos, instintos e com a perversa pressão sexual difundida na mídia.
O rapaz e a moça precisam receber dos pais orientações quanto à sexualidade,
mostrando aos filhos que ela é um prazer planejado para relacionamentos de
compromisso sério, que nem mesmo num noivado há garantia de que os dois ficarão
juntos até casar. Sexo foi idealizado para homem e mulher experimentarem na
relação conjugal lícita.
Na década de 70 a iniciação sexual se dava em torno dos 19 a
22 anos de idade. Hoje ela começa aos 13 e no máximo aos 16 anos, quando os
jovens estão naturalmente imaturos psicologicamente. Argumentos comuns são:
“Pintou o desejo”, “Eu achava que ele me amava”, “A gente queria apenas curtir
um pouco”, “Todo mundo faz isto”. Mas são argumentos falsos e imaturos. O
desejo precisa ser controlado em benefício da vida. Maturidade é aprender a
lidar construtivamente com o desejo. Amor não é excitação sexual. É possível
haver curtição sem complicar a vida. Não é verdade que todo mundo transa. Pode
ser a maioria, mas não todo mundo. E o que a maioria faz não significa ser isto
verdadeiro, correto ou saudável.
Após três anos da primeira gestação, 40% das adolescentes
voltam a engravidar uma segunda vez. Da classe mais rica, 80% abortam, e da
mais pobre 80% levam a gravidez até o fim. Os traumas psicológicos de um aborto
podem se arrastar a vida inteira na mente da jovem, e são culpa, medo,
somatizações (sintomas no corpo devido ao estresse mental), diminuição do
auto-respeito, traumas sexuais, nervosismo (60%), depressão ao lembrar que a
criança poderia ter tal ou qual idade, medo de um castigo de Deus, etc.
Por que, então a mídia não promove o que é saudável para
ajudar a sociedade? Por que a exploração e difusão do erotismo? Perturbação de
caráter dos responsáveis pelos programas? Interesse econômico? Ganância pelo
poder? Opressão maligna?
Enquanto a humanidade não aprender a lidar construtivamente
com sua angústia pessoal e social, vai buscar soluções inadequadas e
destrutivas para obter o prazer. As pessoas que estão amadurecendo de verdade
estão percebendo que o prazer real envolve a paz que surge porque você tem
recebido forças para lidar com a angústia, com a dor emocional e espiritual
inevitáveis nessa existência. Elas estão aprendendo e aceitando que o prazer
normal que podemos obter na vida agora não é a busca da ausência de dor, mas
aprender a viver acima dela. E isto não depende de bens materiais, fama, posses,
poder social. Felizmente.
*Texto escrito pelo Dr. Cesar Vasconcellos de Souza, médico psiquiatra e psicoterapeuta do Portal Vida Natural
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