Em 2015, a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido
Brasileiro, Casa Apis, e a Cooperativa Mista dos Apicultores da
Microrregião de Simplício Mendes, Comapi, foram responsáveis pelo excelente
desempenho do Piauí nas vendas de mel, tanto no exterior como no mercado
interno.
Somente no ano passado esses empreendimentos exportaram 1,6
mil toneladas de mel, além de terem comercializado mais de mil toneladas dentro
do Brasil, o que gerou um faturamento de quase R$ 20 milhões.
“Apesar da estiagem que assolou o sertão nordestino nos
últimos tempos, as vendas de mel atingiram novos patamares, com um incremento
de 38% em volume em relação a 2014 e de 100% em faturamento. A alta do dólar
foi fator preponderante para esse resultado, bem como as alternativas de convivência
com a seca disseminadas entre os apicultores. Para 2016, as perspectivas são
ainda melhores, tendo em vista os valores da moeda americana e as chuvas que
chegaram à região”, afirma o diretor técnico do Sebrae no Piauí, Delano Rocha.
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Rocha destaca o trabalho realizado pelo Sebrae para que a
apicultura do Piauí continuasse avançando mesmo em momentos de baixa
pluviometria. “Por meio dos programas Mais Mel e Sebraetec desenvolvemos uma
série de consultorias tecnológicas com resultados bastante positivos. Foram
essas intervenções que contribuíram para um incremento considerável na produção
e esse salto significativo na comercialização”, acrescenta.
Somente no primeiro semestre de 2015, o Sebrae realizou, no
âmbito do Mais Mel, mais de 1,2 mil atendimentos individuais e cerca de 100
atendimentos coletivos. A equipe do programa percorreu vários municípios do sul
do Estado, como Conceição do Canindé, Inhuma, Campinas do Piauí, Isaías Coelho,
Bela Vista do Piauí, Paulistana, Pedro Laurentino, São Francisco do Piauí,
Simões, São José do Piauí e Simplício Mendes.
Para este ano, a instituição pretende trabalhar a
diversificação da produção das colméias, principalmente o pólen, produto de
alto valor agregado. A ideia é que novas possibilidades de comercialização possam
surgir e mais pessoas sejam beneficiadas com essa atividade.
As certificações
Mas o trabalho do Sebrae junto aos apicultores do sul do
Estado foi iniciado há anos, ainda nos tempos de chuvas abundantes, quando o
problema ainda não era produção e sim como escoá-la. O mel precisava de mais
mercados. Foi nessa época que iniciaram os trabalhos junto à Casa Apis e Comapi
com vistas às certificações como produto orgânico e de Fair Trade.
A certificação representou uma ampla abertura de mercado
para essas entidades, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, onde os
produtos orgânicos são muito valorizados. Por ter floradas naturais, ou seja,
livre de agrotóxicos, o mel do Piauí se destaca nesse cenário, estando inserido
na faixa de produtos saudáveis e sendo comercializado por um preço mais
competitivo.
“Para a conquista da certificação orgânica os apicultores
tiveram amplo apoio do Sebrae. Não medimos esforços para adequar a apicultura
piauiense às exigências das empresas certificadoras. Trabalhamos todos os elos
dessa cadeia produtiva”, afirma Delano Rocha.
Foram realizadas oficinas de sensibilização, gestão de casa
de mel e produção orgânica, além de quase duas mil horas em consultorias de
campo com cadastro de apicultores, mapeamento dos apiários e das casas de mel e
outras quase mil horas de consultorias de coordenação desses empreendimentos
coletivos. Todos esses processos tiveram a inspeção do Instituto Biodinâmico,
certificadora brasileira reconhecida na Europa, Estados Unidos e Japão.
“A certificação fazia-se necessária não somente para atestar
a qualidade do mel do Piauí, mas principalmente para que esse produto pudesse
chegar a novos mercados. Foi uma forma que encontramos para valorizar o mel,
melhorando a qualidade de vida dos apicultores, gerando novos postos de
trabalho e renda”, destaca o diretor técnico do Sebrae no Piauí.
O Sebrae atuou também para que o mel produzido no Piauí
pudesse ter certificação em Fairtrade ou Comércio Justo. O selo Fairtrade
baseia-se num conceito de parceria comercial transparente e de respeito entre e
as partes. A busca é sempre por maior igualdade no comércio internacional. Essa
certificação tem bastante valor na Europa.
“Sempre focamos na capacitação dos apicultores, no repasse
das técnicas de manejo e na melhoria do mel, ou seja, buscamos a qualidade do
produto. Isso valorizou ainda mais o nosso mel nos mercados nacional e
internacional. As certificações foram instrumentos que viabilizaram a chegada
do mel do Piauí a novos patamares”, completa Rocha.
A auditoria para Fairtrade leva em conta critérios como
respeito à legislação trabalhista e preservação ambiental. O consumidor que
compra um produto Fairtrade sabe que o produtor rural e a comunidade estão
sendo beneficiados, porque a certificadora audita todos os elos da cadeia:
produtor, exportador e ponto de venda.
Fonte: Teresina Capital
