O problema da seca é bem antigo no semiárido piauiense. Mas
uma grande frustração acompanha a vida de moradores de algumas cidades que
foram beneficiadas com uma obra que resolveria, ou pelo menos amenizaria, o
problema. Foi só no papel. Hoje, populares vivem a angústia devido problemas
estruturais na distribuição de água da barragem Algodões II, localizada na
região de Júlio Borges e Curimatá, no extremo sul piauiense. Na primeira
cidade, já são mais de 30 dias sem água.
Barragem Algodões II |
A barragem Algodões II foi inaugurada e outubro de 2005 pelo
então governador Wellington Dias, um sonho de mais de 50 anos dos moradores.
Foram investidos aproximadamente R$ 22 milhões, recursos oriundos do Governo
Federal, Codevasf e Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), e
do Governo do Estado.
Ela corresponde a uma área de bacia hidrográfica de 1.254
quilômetros quadrados, o que permitiria a perenização do Rio Curimatá. No
entanto, problemas na distribuição estariam fazendo muita água se perder pelo
caminho. Pelo menos é o que reclama o vereador Clemilson Barbosa, da cidade de
Júlio Borges.
“A água que sai da barragem pra Curimatá através de um
riacho acaba se perdendo. Perde mais de 80% no percurso. Não foi feito um
planejamento adequado. A empresa responsável não levou [a água] de forma
racional, mandou pelo leito do riacho”, reclama o parlamentar, destacando que
com a falta de chuvas, o problema toma proporções maiores.
As consequências estão sendo sentidas por famílias das
várias cidades que seriam abastecidas pela barragem. Em Curimatá, por exemplo,
moradores e autoridades se reuniram e formaram a Comissão da Água, grupo que
tem lutado pela conter o desperdício de água de Algodões II.
De acordo com o vereador, os quatro últimos anos de inverno
com poucas chuvas deixaram a barragem ainda mais seca e o abastecimento na
região foi prejudicado. Hoje ela está com cerca de 2% do seu volume total,
segundo um cálculo feito por moradores de Curimatá. “A prefeitura já tomou
algumas providências, mas não adiantou. Estamos sem água. Quem pode comprar
água está um pouco melhor, mas quem não pode, tem que procurar os poços. É um
sofrimento para os moradores”, destaca.
O parlamentar afirma que entrou com uma representação pela
Câmara junto ao Ministério Público, mas pouco adiantou para resolver o
problema. “O promotor conseguiu fechar um jato de água da barragem, mas, talvez
por questões políticas, ele foi reaberto e o desperdício continuou”, frisa.
O prefeito da cidade, Manoel Ferreira, lamenta a situação e
diz que está se empenhando para amenizar o problema, mas que pouco pode fazer.
“Fomos atrás da Agespisa para amenizar pelo menos a falta de água aqui e eles
prometeram fazer um poço. Querem alugar carro pipa na região e não acredito que
seja uma boa ideia. O que nos resta é esperar”, finaliza.
Uma solução apontada por moradores da cidade vizinha de
Curimatá seria a construção de uma adutora na região, mas o projeto não
conseguiu sair do papel devido a burocracia.
O superintendente de Recursos Hídricos da Semar- Secretaria
Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Romildo Mafra, afirma que ainda
não tem conhecimento da real situação do município e que, caso seja feita uma
solicitação formal, uma equipe poderá fazer uma vistoria na região.
Diego Iglesias / Cidade Verde
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