terça-feira, 19 de abril de 2016

A Vila Olímpica de Parnaíba: promessas, descaso e corrupção!

Em solenidade no final da tarde do dia 11 de dezembro de 2008, no Palácio de Karnak, o ministro Orlando Silva, firmou parceria com a Fundespi e a Prefeitura de Parnaíba pra a construção de uma Vila Olímpica, no litoral do Piauí. O complexo esportivo estava orçado em R$ 200 milhões.

O anúncio da obra depois foi feito solenemente em meio a muitas autoridades em Parnaíba e animou a juventude parnaibana. Além do Ministro dos Esportes, estavam presentes o governador Wellington Dias, prefeito José Hamilton, deputados federais Osmar Júnior e Paes landim. A construção era destinada a servir como equipamento da Sub Sede da Copa do Mundo 2012 e a preparação de competidores para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Incluía ginásio para cinco mil espectadores, piscina olímpica; piscina para saltos ornamentais; quadras esportivas; pista de corrida; vestiários; quiosques; estacionamento para cinco mil veículos, além de um estádio com capacidade para 45 mil pessoas.
Vila Olímpica de Parnaíba: Como deveria ser e como está
Por emenda do deputado federal Osmar Júnior foram garantidos os primeiros recursos para a construção da Vila Olímpica em 2010. Por falta de projeto quase se perde a emenda e somente em 2012, o Ministério do Esporte aprovou a liberação de R$ 14,6 milhões referentes à primeira etapa do complexo.

Na época, Osmar Júnior justificou: “o atraso no projeto se deu em razão do superdimensionamento do estádio de futebol que fizeram inicialmente para 45 mil expectadores. Seria um elefante branco, eu não aceitei. Isso atrasou todo o cronograma, mas estamos com recursos assegurados pela nossa bancada federal e a boa notícia é que conseguimos prorrogar o convênio para dezembro de 2012. Asseguro aos parnaibanos que, ainda no primeiro semestre vamos dar início às obras do complexo olímpico, iniciando pelo estádio de futebol”.



A proposta inicial dizia que Parnaíba poderia ser Sub Sede da Copa do Mundo de 2012 e sugeriu a construção de um estádio. Menos de três anos depois, a Fundespi enviou ofício a Brasília para dizer que a Vila Olímpica não poderia servir como base de treinamento de seleções. No entanto, mantinha a ideia de o complexo esportivo ser base para delegações nas Olimpíadas Rio 2016, que também naufragou.

A placa já está até caindo
As obras foram iniciadas em julho de 2012 e dois anos após, o local virou símbolo de desperdício de dinheiro público. Foram gastos R$ 3,7 milhões e apenas 2% do previsto no projeto inicial foi concluído. O governo do estado gastou mais R$ 1 milhão para elaboração de outro projeto associado ao empreendimento: a construção do Estádio Olímpico de Futebol. A arena teria capacidade para 35 mil lugares, equivalente a um quarto da população de Parnaíba.

A obra foi paralisada. A vila está em processo de deterioração devido o abandono e às chuvas que causam erosão. São seis quadras de esportes com alambrados; as cestas de basquetes foram destruídas, além de aros e bandejas corroídas pela ferrugem. Em recente matéria publicada pela imprensa local foi divulgado que os equipamentos da Vila Olímpica estão sendo alvo de saqueadores que estão levando o que resta da obra. Pergunta-se: de quem é a responsabilidade de cuidar daquele patrimônio?

No cerne desta obra está o mal irremediável que nos atinge: a corrupção. Sabe-se que a questão da corrupção é muito complexa. Apenas uma pequena parte dos casos é descoberta e vem a conhecimento público. Grande parcela fica escondida nas entranhas da burocracia e do conchavo político-institucional. Ela sempre tem dois lados, um corrompendo e outro sendo corrompido. Mas afinal, onde foi parar o dinheiro da Vila Olímpica?!

O Tribunal de Contas da União (TCU), após auditoria no convênio firmado entre o Ministério do Esporte e a Fundespi, vinculada ao governo do Piauí, incluiu a Vila Olímpica de Parnaíba na lista de obras federais irregulares que foi paralisada, em razão dos prejuízos aos cofres públicos.

No ano passado, o TCU julgou o relatório anual que consolida fiscalizações em obras públicas – o Fiscobras –plano de fiscalização anual do tribunal que verifica a execução de obras financiadas total ou parcialmente por recursos da União, por determinação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Entre elas, encontra-se a obra da Vila Olímpica de Parnaíba onde foram encontrados indícios de irregularidade grave com recomendação de paralisação (IG-P). Essas informações poderão ser acessadas pela opção “Obras Públicas”, no portal TCU - www.tcu.gov.br

A Vila Olímpica de Parnaíba, onde já gastaram milhões e que teve sua construção embargada pelo Tribuna do Contas da União por culpa dos gestores responsáveis no âmbito do Ministério dos Esportes e da Fundespi, parece que agora vai pra frente. O Governador Wellington Dias, em seu terceiro mandato, recentemente anunciou mais uma promessa em favor da retomada e conclusão da nossa Vila Olímpica. Tem tudo para dar certo! Afinal o Governo Federal, o Estado e o Município são governados por petistas!

Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano


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